Ao Vivo
Onde está o ponto decisivo na parábola dos dois filhos (Lucas 15.11-32)?
Seria o momento em que o jovem rebelde “caiu em si” quando cuidava dos porcos?
Essa é certamente a maneira como a história é pregada. Somos encorajados a nos colocar no lugar do miserável, e igualmente, decidir fazer o bem. Neste tipo de pregação, o filho pródigo é seu próprio salvador, e o ouvinte é encorajado a seguir o exemplo: arrume sua vida, prepare o seu discurso de arrependimento, e retorne ao serviço do Pai. Aqui está o evangelho segundo o chiqueiro.
Mas seria este realmente o momento decisivo na história? Não me refiro em termos literários. Estou perguntando: o que realmente determina o destino do filho pródigo? Qual é o momento decisivo para sua vida? É o “cair em si” quando cuidava dos porcos?
Não, claro que não. Ele poderia ter planejado o melhor plano de arrependimento do mundo e ainda assim ter sido justamente rejeitado por seu pai. O momento chave é o abraço do Pai.
A mudança real no filho pródigo — tanto sua mudança de condição quanto de coração — acontece nos braços do pai. É ali que o arrependimento ocorre.
Imagine-se naqueles braços. Pode ser que você se sentisse mal antes, mas agora você se detesta — e no entanto não consegue escapar do Seu amor. Pensava que estava fedendo do chiqueiro, mas agora sente seu fedor no âmago —mesmo assim você é abraçado bem forte. Havia composto um discurso de arrependimento, mas agora sua consciência do pecado o esmaga — porém, a graça o envolve.
O verdadeiro arrependimento ocorre no abraço do Pai. E é ali que nosso arrependimento diário acontece.
Quando pecamos, nos colocamos no chiqueiro, com uma longa jornada de volta para casa diante de nós? Ou nos consideramos nos braços do Pai? Há uma grande diferença.
Lembro-me de falar com um homem cristão sobre seu caso extraconjugal de anos passados. Depois dele me contar o horror de sua infidelidade, eu disse: “Você percebe que no meio de todo este mal, Jesus estava se regozijando sobre você como um noivo se alegra com sua noiva?” Ele fez uma longa pausa e disse: “Isso torna isto cem vezes pior!” Respondi: “Sim, torna mil vezes pior”. Achamos que conseguimos pecar escondidos em algum canto. Não. Basta ler 1 Coríntios 6.15–20 para ver que estamos verdadeiramente unidos a Cristo no nosso pecado.
Nós fedemos como porcos nos braços do Pai. Isso é mil vezes pior do que feder no chiqueiro. Porém é um milhão de vezes melhor também. Porque se ele nos ama no auge daquilo que há de pior em nós, então estamos realmente seguros.
Como pregar a filhos pródigos? Com certeza eles devem se arrepender. Obrigatoriamente. Os pecadores necessitam de uma vida completamente nova — porque a velha cheira mal. Mas onde eles encontrarão essa vida nova? Não em suas resoluções; mas somente nos braços do pai. O evangelho não é um plano de chiqueiro, dizendo aos rebeldes como fazer restituição. É o anúncio de alguém “que recebe pecadores e come com eles”. Ele é nosso foco.
Como pregar a nós mesmos? Como cristãos, imaginamos que entramos e saímos da casa do Pai de acordo com o nosso desempenho, mas isso é uma mentira. Quando pecamos, não estamos sozinhos no chiqueiro. Estamos lá nos braços dEle — apesar do mau cheiro Ele está nos abraçando. Isso é mil vezes pior. E um milhão de vezes melhor.
Traduzido por Tiago Hirayama
Glen Scrivener é um evangelista e autor de vários livros, incluindo 3 2 1: The Story of God, the World, e You [3, 2, 1: A História de Deus, do Mundo e a Sua.
Written by: GospelOne
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