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No ginásio, eu me tornei amiga de uma militante da justiça social. Ela não era cristã, mas tinha uma preocupação sincera e extravagante pelas pessoas e era motivada a erradicar o sofrimento e trazer alívio aos necessitados. Ela foi a primeira adolescente que conheci que estava ativamente envolvida na coleta de alimentos para os desabrigados, doando seu cabelo para pesquisas sobre o câncer, participando de comícios para refugiados e aumentando a conscientização sobre o tráfico de seres humanos, crianças-soldados e fome mundial. Ela me despertou para algumas destas questões pela primeira vez.
Mas seu amor pela justiça não estava enraizado em realidades espirituais; estava entrelaçado com um idealismo simples e uma busca de auto-realização através do alívio humanitário temporário. Mais do que qualquer outra pessoa que conheço, ela vive a crença dominante e definidora da Geração Z: a justiça social é o nosso Deus.
Não é estereótipo; as estatísticas mostram que minha geração é obcecada pela justiça. A Forbes relata que a Geração Z é “apaixonada por igualdade e justiça de todos os tipos. Eles lutam por si, seus amigos, seus colegas de classe e outros que veem tratados injustamente, seja devido a questões de gênero, sexualidade, raça, salário ou meio ambiente ”. Um estudo da Fast Company revelou que 76% da Geração Z está preocupada com o efeito humano no planeta e acredita que eles podem operar como um agente de mudança.
Em um mundo globalmente conectado, adolescentes e jovens de 20 e poucos anos aproveitam as oportunidades ilimitadas de ativismo na web. Estamos organizando greves escolares, marchando pela igualdade e fazendo palestras no “TED Talk” sobre o casamento infantil e a pobreza. Hoje em dia, somos mais fãs de Malala Yousafzai do que Miley Cyrus.
Tendo crescido na era da autenticidade, aprendemos que “não devemos ser dirigidos por nada fora de nós, mas apenas pelo que consideramos significativo dentro de nós. …negando autoridade externa (até mesmo a ação divina) para seguir o novo propósito de ‘o que fala comigo’”. À medida que lutamos desesperadamente para encontrar significado nesta cultura pós-moderna, a busca badalada e emocionante da justiça social de fato falou conosco.
Mas os jovens cristãos são especialmente apaixonados pela justiça – e não apenas por causa de seu fator “da hora”. Apesar de sermos inegavelmente influenciados pelos dogmas de nossa cultura, vemos os comandos claros de Deus para buscar a justiça para os pobres (Gl 2.10), os refugiados (Ex 23.9), os sem-teto (Is 58.7), os marginalizados (Ex 22.22), as minorias (Jo 4.9-10), os nascituros (Sal 127.3; 139.13-16) e os vulneráveis (Jer. 22.3). Cheios de empatia e energia, estamos prontos para nos levantar e ajudar.
Os cristãos da Geração Z, no entanto, têm um problema: estamos desequilibrados. Muitas vezes vemos a missão do cristianismo como uma gangorra. De um lado está o evangelismo orientado pela doutrina; por outro, uma busca prática da justiça terrena. Dizemos (ou sugerimos) que ou se pode ser um cristão focado na justiça ou um cristão focado na proclamação do evangelho – qual deles você é? Pessoas ou medidas políticas? Necessidades sociais ou necessidades espirituais? Temporal ou eterno?
Quando forçados a escolher, os cristãos mais jovens tendem a escolher a primeira, enquanto os cristãos mais velhos a segunda. Muitos jovens cristãos inclinaram-se para a justiça de uma forma que lentamente os afasta do evangelho. Seu foco tem se desviado perigosamente de ser centrado no evangelho para um centro humanitário.
Em seu livro Justiça Generosa, Tim Keller escreve sobre “jovens evangélicos que ‘expandiram sua missão’ para incluir a justiça social junto com o evangelismo”. Ele observa: “Muitos deles não apenas se afastaram das formas mais antigas de ministério, mas também das doutrinas evangélicas tradicionais da expiação substitutiva de Jesus e da justificação somente pela fé, que são vistas como muito ‘individualistas’”.
Muitos na minha geração não estão apenas enfatizando a justiça sobre o evangelismo; eles estão sacrificando a verdade no altar da humanidade. Ficaram consumidos por necessidades sociais e confusos sobre a missão do evangelho.
O problema fundamental é que criamos uma dicotomia falsa. Quando colocamos a justiça e o evangelho em confronto, perdemos a essência da Bíblia e desvalorizamos o coração de Deus por ambos. A justiça se encaixa perfeitamente no quadro do cristianismo bíblico. Ela flui intensamente do evangelho como uma implicação prática de amar a Deus. Nosso Deus é um Deus de justiça (Gn 18.25). Ele cuida dos necessitados (Sl 68.10), Ele supre os necessitados (Is 41.17), Ele luta pelos oprimidos (Sl 10:.7-18), Ele odeia o abuso, o racismo e o tráfico de seres humanos. E Ele tem a expectativa de que Seu povo também o faça:
Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus. (Mq 6.8)
No entanto, se desejamos viver a justiça da maneira como Deus ordena e celebra, devemos priorizar o evangelho. Se realmente queremos ver o florescimento humano e reduzir o sofrimento global, necessitamos lidar com o maior problema que a humanidade enfrenta: o pecado e a morte. Necessitamos de uma visão robusta e holística de justiça, e o evangelho nos dá tal visão. Cristãos ao longo da história, como William Wilberforce, Hannah More e Dietrich Bonhoeffer, foram defensores da justiça – e foi seu foco no evangelho que impulsionou sua busca pela justiça.
“Andar humildemente com o teu Deus” alimenta “praticar a justiça”. Se reconhecermos honestamente tanto nossa fraqueza quanto a grandeza de Deus, desejaremos proporcionar esperança e ajudar aos outros. Vamos querer amar nosso próximo. E amar nosso próximo significa satisfazer suas necessidades físicas enquanto reconhecemos que sua necessidade mais importante é decididamente espiritual. Eles estão mortos e necessitam de vida. Necessitamos de justiça operada a partir do amor do evangelho.
Foi isto que Jesus fez. Ele supriu as necessidades físicas dos pobres enquanto lhes falava sobre as riquezas espirituais que eles poderiam ter nEle. Ele supriu água para a mulher sedenta e contou a ela sobre a Água Viva que poderia satisfazer eternamente. Ele supriu alimentos para os famintos e pregou sobre o Pão da Vida. Ele se importava com crianças e órfãos e oferecia a oportunidade de sermos filhos de Deus.
Jesus não ignorou o sofrimento físico das pessoas, mas priorizou seu sofrimento eterno. Não foi uma coisa ou outra (não havia uma falsa dicotomia); eram ambas as coisas. Tal como disse John Piper, “os cristãos devem se preocupar com todo o sofrimento, especialmente o sofrimento eterno”. Era o que Jesus fazia. Ele se importava com o sofrimento e seu amor radical pelas pessoas o levava a agir.
Se os cristãos da Geração Z realmente querem mudar o mundo, é preciso viver como Jesus, amar como Jesus e servir como Jesus. E se quisermos fazer uma diferença para a eternidade, também devemos agir – priorizar o evangelho à medida que buscamos a justiça.
Fonte: coalizaopeloevangelho.org
Jaquelle Crowe: é editora-chefe da Rebelution e escritora do leste do Canadá. Ela é autora de This Changes Everything: How the Gospel Transforms the Teen Years [Isso Muda Tudo: Como o Evangelho Transforma Nossa Adolescência] (Crossway, 2017). Pode-se segui-la no Twitter.
Written by: GospelOne
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